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Maruja: participantes do folguedo - Boi de reis renasce das cinzas


Maruja: participantes do folguedo


Foto: Anchieta Xavier

Boi de reis renasce das cinzas (2005)

Ai joventina
Que é Seu Juvená?
É hora de tirar leite
E o bezerro quer mamar
Balança que pesa ouro
Não pesa todo metá.
Ô papai, ô mamãe, ô titia
Ô que dor nas cadeira de Maria, ai, ai, ai, ai
(refrão da Masseira)

A tradição do boi-de-reis está muito bem preservada em Pedro Velho. Os participantes do folguedo, conhecidos como “maruja”, brincam acompanhados do rabequeiro, pandeirista e triângulo. O boi-de-reis de Bocas, povoado próximo ao distrito de Cuité, percorreu diversos municípios do agreste potiguar e litoral Sul até meados da década de 70. A tradição chegou a desaparecer, mas foi resgatada na Semana Cultural Chico Antônio, em 1997.

“Com a chegada da energia elétrica ao nosso distrito e mais particularmente a televisão, a nossa arte, tão genuína, espontânea e alegre, sucumbiu”, comenta o professor João Hortêncio, nascido em Cuité e acostumado a ver na infância as pessoas formando círculos para ver o boi. “Lembro dos aboios fortes e das lamparinas a óleo clareando as noites de Cuité”.

O boi-de-reis do Cuité é tão alegre que a tradicional morte do boi, ao final da apresentação, não acontece. O Birico, um dos três personagens cômicos, segura uma tocha enquanto faz graça com o Mateus e o Cravo Branco. O trio de mascarados tem o rosto pintado de preto e, normalmente, usam chapéu de couro. Seis galantes com espadas e duas damas completam o grupo.

O rabequeiro fica no centro tocando acompanhado do pandeirista e triângulo. As cantorias são tradicionais. A masseira, um canto inicial de saudação, anima os galantes antes da chegada do boi. A brincadeira mistura sagrado e profano. A maruja do boi-de-reis inicia a apresentação dentro da casa. A primeira parte enfoca o lado mais sério do folguedo com músicas religiosas e também elogiando o dono da casa e seus familiares.

A segunda parte é feita no terreiro. Os galantes, damas e mascarados entoam músicas e dançam. João Hortêncio recorda que no passado o chamado terreiro era iluminado com três tochas. O momento mais esperado do “reze” é a chegada do boi. Depois das músicas de saudação, iniciam-se as chamadas “vendas” ao público para agradar algum espectador conhecido que recompensa o boi com dinheiro.

Os cantos do boi-de-reis do Cuité estão em duas faixas de um dos CDs da coleção “Música do Brasil”, lançada em março de 2000, projeto de pesquisa desenvolvido pelo antropólogo carioca Hermano Vianna em 19 estados do Brasil. O reconhecimento fortificou ainda mais a maruja. “Depois de 20 anos no anonimato, a arte das famílias Joaquim e Marreiro, como na minha infância, volta com o aboio forte, as cantigas bem entoadas e os mascarados com suas loas hilariantes”.

Fonte:

Mais informações:

http://www.fja.rn.gov.br/arquivos/Prea_11Net.pdf

Indice = 75

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